terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Tertúlia de Natal


No dia 17 de Dezembro de 2008, no Centro de Exposições de Odivelas, realizou-se mais uma sessão das Tertúlias “Conversas com Princípio e Fim”, desta vez e porque se tratou da época natalícia, a organização convidou para este encontro alguns amigos, nomeadamente as poetisas Maria Melo, Ana Paula Nunes, RosaAngela, a historiadora Dra. Maria Máxima Vaz, Patrícia Benitez e da organização, emprestaram a sua colaboração, Margarida e Carlos Moura, o papel de “Mãe Natal” esteve a cargo da Dra. Catarina Monteiro.
As intervenções abrangeram as áreas da poesia, do fado este escrito propositadamente para este evento, foram ainda apresentados textos relacionados com o “Natal da minha Aldeia”, tendo sido referidos “Natais” de Lisboa (Lumiar e Ameixoeira), bem como o Natal em Espanha e na Bélgica.
Na Vila de Touro, Concelho do Sabugal, Distrito da Guarda, foi mencionada pela Dra Máxima Vaz a queima do “madeiro”, o qual fica a arder durante uma série de dias, pois está sempre a ser “alimentado” pela população local, com lenha.
Em relação ao “natal da minha infância, gastronomia e tradição”, a Tertuliana Margarida Moura brindou-nos com o seguinte texto:
"Todos os natais eram a mesma coisa.
A família ia chegando aos poucos, deixando as prendas junto à árvore de Natal e em seguida começava a azáfama. Os mais novos brincam e revivem as brincadeiras, com os primos e irmãos, enquanto os homens falam de carros e futebol. As mulheres e mulherezinhas (sim, porque é preciso aprender para seguir as tradições) vão para a cozinha fazer os fritos, com abóbora-menina fazem-se sonhos e filhoses, com pão duro confeccionam-se as rabanadas, azevias de grão com gila e amêndoa…. e borrachos. Os borrachos são rodelas de massa bêbada, cortada com uma almoçadeira e no centro com um dedal, recorta-se um pequeno circulo, essa pequena quantidade de massa era dada às crianças que moldavam figuras, galinhas, lacinhos, cobras, que eram fritas no final e é a guerra do este meu este é teu. Depois dos borrachos fritos eram polvilhados com açúcar e canela. A gila era presença obrigatória, retirada de frascos, feita atempadamente, era distribuída pelas travessas, cujos fios eram trabalhados com dois garfos, para ficar solta, tal como fios de ovos. Quem queria ia à missa, os outros ficavam petiscando, aguardando a Ceia.
À meia-noite em ponto, começava a Ceia, com bacalhau, couves batatas, cenouras, nabos, ovos, o chamado bacalhau com todos, regado com o melhor azeite. Finalizada a refeição, colocava-se uma toalha de Natal nova, com todos os doces, o bolo-rei, uma “feliz importação de França” que os portugueses tão bem acarinharam, frutos secos, todos os fritos e restantes iguarias, que se iam comendo ao longo da noite. A mesa fica posta de um dia para o outro para dar sorte. Quando os pequeninos ficavam com sono, iam por o sapatinho na chaminé, que já estava forrada de papel branco, toda enfeitada com muitos chocolatinhos, tais como sombrinhas, pais natais. Deste modo o Menino Jesus sabia que se tinha preparado a sua recepção. Logo que as crianças adormeciam, os adultos colocavam as prendas nos respectivos sapatinhos.
No dia de Natal é que se abriam os presentes, o almoço era o peru, que se embebedava para a carne ficar macia e cujo sabor guardo na memória, junto aos cheiros, dentro do coração, junto à saudade."

Em relação à poesia, Maria Melo trouxe-nos os “Vilancetes de Natal” de Ulisses Duarte e Ana Paula Nunes apresentou-nos o poema “Dia de Natal” de António Gedeão.
Relativamente ao fado, o desafio foi colocado à poetisa Rosa Angela, no sentido dela escrever dois fados propositadamente para esta Tertúlia, sem desprimor para os outros temas, foram muito apreciados e aplaudidos, os poemas são, como a seguir se indicamos:

Oração de Natal

Nossa Senhora trabalha
Com linha feita de luz
Está a fazer a toalha
Para a vinda de “Jesus”…

Com a graça de “Maria”
Com o seu divino louvor
Seus olhos com alegria
Já transpiram de amor

Há vozes sem fingimento
Dizendo orações com fé
Pois vai nascer ao relento
O filho de “Nazaré”

“Messias” abençoado
Nascido para o amor
Mesmo stando destapado
Não lhe faltou calor…
Menino nasceu pra rei
Pra nós grande criador
Semente livre sem lei
Quatro palavras, amor!


Poema Luz de Belém

Dois mil anos passaram que em Belém,
Na Judeia, narrada, em pergaminhos,
Na vida, que nos leva mais além,
Alguém sonhou mais luz, para os caminhos…

É o sonho mais lindo que o ser tem,
Dum homem, descalço pisou spinhos
O maior inventor, da luz do bem,
Que com serenidade, ouviu, escarninhos…

Os séculos, trouxeram-nos desafios,
Por nada esta corrente se detém,
Há guerras, caiem postos ardem fios,
Mas no mundo, inda brilha a tal luz,
E na central eterna de Belém,
Toma conta de nós, nosso Jesus…

E subimos a montanha sem tormento,
Onde cada segundo é mais lento,
Pedindo que renasças, outra vez!


Carlos Moura trouxe-nos uma rábula da viagem do pai natal da Lapónia até Odivelas, e cujo texto a seguir transcrevemos:

"Boa tarde, eu sou o Natal, sou filho da Natália e do Natálio, dentro de dias vou ter um mano que se vai chamar Natalino. Fui convidado para estar aqui presente, por um Grupo denominado de “Conversas com Princípio e Fim”, parecem que querem celebrar o meu dia, este ano em Odivelas. A minha mãe, a Natália, acedeu que eu pusesse as renas ao caminho, respondendo assim, afectuosamente ao Convite do tal Grupo. O referido grupo disse, também, que a minha presença era grátis, aqui a minha mãe disse-me logo, toma atenção que em Odivelas, nada é grátis. Por acaso ao chegar a Portugal encontrei em Santa Apolónia, um serviços grátis de transporte de renas, deixaram que as mesmas viajassem comigo, o pior foi quando cheguei à Estação do Metro do Senhor Roubado só encontrei “ciclovias” e então a via “renal para as minhas Renas? - Não existe, então meus Senhores!!!
-Ah! Isso não há, mas óh Sr. Pai Natal, disse-me um dos muitos Empresários em Nome Individual que proliferam na referida Estação, entre bananas, tomates e ananases, etc, etc, pode apanhar uma camioneta para o Odivelas Parque, chama-se "Odiflex" e deixar lá, estacionadas, gratuitamente, as suas renas.
- Boa ideia!!! Agora aquela coisa do Senhor Roubado faz-me espécie, então os Odivelenses deixam que andem a roubar o Senhor, francamente se a Dra. Máxima Vaz sabe, bem podem fugir a sete pés porque a Senhora, como boa Historiadora que é, não vai querer que alguém lhe estrague a História, coitado do Senhor, e já alguém participou o roubo à GNR ou a PSP?;
Depois de estacionar o meu trenó e deixar as minhas Renas no Odivelas Parque, fui conhecer a Cidade de Odivelas e tirar uma fotos, digitais, claro, assim que chegar à Lapónia vou colocá-las no Youtube.
Meu Deus, fiquei impressionado com tantos edifícios os quais comportam 160.000 Habitantes, tantas prendas! Mas assim terá que haver, da minha parte, um reforço para as poder entregar em tantos lares, com a actual crise de Euros, não sei como proceder. Só não vislumbrei foram os Equipamentos Sociais, Jardins com Espaços Verdes, Estabelecimentos de Apoio às referidas populações, Creches, Jardins de Infância e Espaços para os Seniores poderem, por exemplo, ter acesso ao ensino grátis da informática e da Internet. Falaram-me de um Jardim da Música que só estará, parcialmente, construído no Verão de 2009, será que todos os Odivelenses vão poder usufruir deste espaço de lazer? Em termos Gastronómicos já provei a vossa Marmelada de Odivelas que nos é apresentada aos quartos, se me permitem, pergunto para quando a constituição da Confraria da Marmelada de Odivelas? Estão à espera que um dia destes os Chineses a apresentem como um facto consumado? Vamos lá meus Senhores, pensem nisso. Nós, lá na Lapónia, sabemos tudo sobre Odivelas, vocês podem esconder o que quiserem que nós temos o Magalhães, O Magalhães é, como todos sabem o menino bonito do “Primeiro”, pois o Magalhães, não o original mas um mais aperfeiçoado pelos Chineses é vendido num Mercado de Rua, muito semelhante ao que vocês têm à Segunda-Feira na Feira do Silvado, e até tem incluído, gratuitamente, a Internet portátil, um verdadeiro grito da tecnologia moderna, desta vez o Bill dos Gates e o Barraca Abana foram fintados. Aproveitei o tempo livre e fui ver a Árvore de Natal da Zon, aquilo é que sim, é um espanto de espectáculo, levo comigo fotos e se calhar vou pedir à minha Autarquia da Lapónia, que para o ano faça algo muito semelhante. Já comprei algumas prendas para levar aos meus familiares, nomeadamente vinho do Porto de uma tal D. Antónia do Vinho, fico na dúvida se a Senhora se metia no Briol ou aquilo é uma marca. Realmente Portugal é muito grande, digo isto porque quando estava a chegar no comboio alguém comunicou: O Comboio nº. 1 proveniente da Lapónia, vai dar entrada na linha nº. 2 na Estação de Santa Apolónia, aqui fiquei deveras espantado então uma Santa tem uma Estação de Comboios, efectivamente Portugal é, uma Terra de Oportunidades, aliás como Odivelas.
E para finalizar quero endereçar um Convite, parece que as Tertúlias “Conversas com Princípio e Fim” em Agosto de 2009 estão a projectar uma Viagem Cultural à Polónia. Hungria e República Checa, se tal acontecer, por favor, não deixem de visitar a Lapónia e, deste modo, conhecer a minha família que vos deseja um Feliz Natal.
Nesta minha rábula não podiam faltar os Três Reis Magos o Baltazar, o Gaspar e o Belchior, assim que desembaracaram em Santa Apolónia, dirigiram-se, de imediato, em mota de água, para Belém, não para adorar o Menino Jesus, como antigamente, mas para oferecer livros trazidos da Lapónia para os seguintes destinatários:

Para o PR: SOS Tirem-me daqui;
Para o Primeiro: Como ajudar os Coitados da Banca;
Dra. MM Vaz: A Libertação do Sr.Roubado;

Logo à noite, eu e os três Reis Magos vamos encontrarmo-nos na Igreja Matriz de Odivelas para ensaiar a Missa do Galo, fico na dúvida se o Galo é o de Barcelos. Para a Lapónia já vou levar o novo Cartão de Cidadão, o qual graças ao novo “chispe” já comporta imensos serviços, nomeadamente, descontos no Modelo/Continente e no TGV, comboio de grande velocidade, no percurso Odivelas/Senhor Roubado, já é bastante bom, não acham?
Em termos de Pins e de Empreendorismo, vou convidar a Senhora Presidente da vossa Autarquia a deslocar-se, no próximo mês de Agosto, à Lapónia para inaugurar uma fábrica de marmelada de Odivelas, em quartos, será uma joint-venture entre as duas Autarquias e dado que a linha do TGV, Odivelas/Lapónia é inaugurada em Julho, a Senhora Presidente não perderá tempo pois a duração da viagem é de 3 horas, ou seja vai de manhã e a meio da tarde já estará em Odivelas. É assim o progresso, rápido e seguro, eu por exemplo, se vier cá para o ano de 2009, já não trago as minhas renas, viajo de TGV;
Ah!, e muito obrigado pelo vosso convite.
Bom Natal, espero que tenham gostado desta rábula natalícia.
Beijinhos doces para todos, ponto e vírgula, vamos lá separar: Beijinhos para as Senhoras /Abraços para os Senhores."

Contámos também com a presença do poeta Joaquim Sustelo na leitura de um dos seus bonitos poemas, que nos enterneceram.
Quanto à comunicação social, estiveram presentes o “Jornal de Odivelas”, o “Tribuna de Loures” e a Odivelas TV, esta última gravou em vídeo toda a Tertúlia. A todos, muito obrigado pela valiosa colaboração.
Referindo-nos ao habitual sorteio de para além das ofertas da organização, também a Dra. Máxima Vaz e Maria Melo trouxeram colecções de postais sobre máscaras portuguesas e da Cidade de Odivelas e livros de poesia.
A todos os que se envolveram neste trabalho natalício, a organização agradece com muita amizade.

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