terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Tertúlia "O Cidadão e o Acesso à Justiça"

No dia 28/01/09 pelas 17,00 Horas, o Centro de Exposições de Odivelas – Casa do Largo, foi novamente o palco do encontro mensal das Tertúlias “Com Princípio e Fim”, organizadas e promovidas por Carlos Moura, mais uma vez foi “casa cheia” pois estiveram presentes 53 Tertulianos.


A Tertúlia agendada tinha como tema “O Cidadão e o Acesso à Justiça”, a Palestrante convidada de Carlos Moura foi a Dra Natália Santos, pessoa suficientemente conhecida no meio local.

Em termos de curriculum destaca-se o facto de ser licenciada em Geografia e Direito, ter pertencido ao grupo de trabalho que visava a análise da viabilidade da criação do Concelho de Odivelas, tendo sido vogal da Comissão Instaladora e vereadora do primeiro mandato da Câmara Municipal de Odivelas, onde foi responsável pela área da saúde e da habitação. É uma das impulsionadoras do “Movimento+Saúde” e exerce, ainda, voluntariado no ISCE – Universidade Sénior – leccionando a cadeira de Noções de Direito.
Relativamente à Tertúlia propriamente dita, a Palestrante, na sua dissertação, fez uma abordagem ao panorama do estado da Justiça. Nos nossos dias e à chamada “Crise da Justiça” informou-nos que existem, hoje em dia, outros mais meios de acesso ao Direito e à Justiça, ao alcance do cidadão, em especial os meios alternativos de resolução de litígios como os Julgados de Paz, a Mediação Pública - Familiar, Penal e Civil - e os Centros de Arbitragem nomeadamente no ramo automóvel, consumo ou relativa aos direitos de propriedade e inquilinato. Também o poder local, através das Juntas de Freguesia, faculta aos Odivelenses, hipóteses de usufruir, gratuitamente, de consultas jurídicas, ou mesmo na APAV – Associação Portuguesa de Apoio à Vitima – que tem uma delegação na Cidade de Odivelas.
Foi ainda abordada a questão do acesso à Justiça, enquanto direito constitucional e a obrigação de ser garantido a todos os cidadãos, uma obrigação do Estado, concrezida, com todas as suas limitações, através do chamado “apoio judiciário”. Foram também abordados aspectos específicos como o direito de apresentar providências cautelares , as petições ou abaixo-assinados, entre outros.
Focalizando os julgados de paz, interessou lembrar que os mesmos podem decidir acções, até 5.000 euros, num leque muito variado de matérias como os direitos e deveres dos condomínio, o arrendamento urbano, exceptuando despejo, pedidos de indemnização civil e emergente de ofensas corporais, difamação, injúria, etc. O recurso aos julgados de paz, está sujeita a uma taxa única no valor de 70,00 € e o tempo médio de resolução das acções é de 2 meses. Os julgados de paz encontram-se instalados na Cidade de Odivelas desde Junho de 2008.
A propósito de leis, a Dra Natália lembrou-nos as palavras recentes do Presidente da República quando alertou para o facto do próprio processo legislativo e a forma como se elaboram as leis terem também, um papel na resolução da crise da justiça e no descongestionamento dos tribunais e a importância de serem feitas leis claras, inequívocas, compreensíveis e não contraditórias entre si.
No final da intervenção da Dra Natália Santos, teve lugar um debate muito participativo, através do qual vários Tertulianos colocaram questões sobre obras feitas em edifícios, não havendo, ao que parece, o respectivo licenciamento, problemas relacionados com a falta de pagamento de quotizações em condomínios, más decisões de juízes etc.
Entre os presentes encontrava-se o Dr. Manuel Varges que referiu que, para além do papel dos advogados, não devíamos esquecer os juízes, pessoas de bem confrontadas com o facto de aplicarem a lei e a justiça na maioria das vezes relativamente a , muitas acções , sensíveis e de natureza social.

Para terminar, houve ligar ao habitual sorteio de livros, DVD´s e um puzzle, tudo ofertado por Carlos Moura.
A organização das tertúlias realçou o facto destes eventos deixarem pistas com informações e referências a locais onde, todos nós, podemos obter esclarecimentos e apoio jurídico. É esse o espírito e o objectivo das Tertúlias: serem um veículo de promoção e informação de assuntos úteis que servem, não só os Seniores, como os Odivelenses em geral e é isso que, mensalmente, as Tertúlias oferecem aos que as frequentam.















Este tema da Justiça, já em Maio de 2008 foi abordado quando, nessa ocasião, convidámos o Dr. Fernando Ferreira que nos explicou o funcionamento dos Julgados de Paz. É de referir que todo este evento teve o apoio da Odivelas TV que o gravou, podemos nós no site: http://www.odivelas.com/.

Tertúlia de Natal


No dia 17 de Dezembro de 2008, no Centro de Exposições de Odivelas, realizou-se mais uma sessão das Tertúlias “Conversas com Princípio e Fim”, desta vez e porque se tratou da época natalícia, a organização convidou para este encontro alguns amigos, nomeadamente as poetisas Maria Melo, Ana Paula Nunes, RosaAngela, a historiadora Dra. Maria Máxima Vaz, Patrícia Benitez e da organização, emprestaram a sua colaboração, Margarida e Carlos Moura, o papel de “Mãe Natal” esteve a cargo da Dra. Catarina Monteiro.
As intervenções abrangeram as áreas da poesia, do fado este escrito propositadamente para este evento, foram ainda apresentados textos relacionados com o “Natal da minha Aldeia”, tendo sido referidos “Natais” de Lisboa (Lumiar e Ameixoeira), bem como o Natal em Espanha e na Bélgica.
Na Vila de Touro, Concelho do Sabugal, Distrito da Guarda, foi mencionada pela Dra Máxima Vaz a queima do “madeiro”, o qual fica a arder durante uma série de dias, pois está sempre a ser “alimentado” pela população local, com lenha.
Em relação ao “natal da minha infância, gastronomia e tradição”, a Tertuliana Margarida Moura brindou-nos com o seguinte texto:
"Todos os natais eram a mesma coisa.
A família ia chegando aos poucos, deixando as prendas junto à árvore de Natal e em seguida começava a azáfama. Os mais novos brincam e revivem as brincadeiras, com os primos e irmãos, enquanto os homens falam de carros e futebol. As mulheres e mulherezinhas (sim, porque é preciso aprender para seguir as tradições) vão para a cozinha fazer os fritos, com abóbora-menina fazem-se sonhos e filhoses, com pão duro confeccionam-se as rabanadas, azevias de grão com gila e amêndoa…. e borrachos. Os borrachos são rodelas de massa bêbada, cortada com uma almoçadeira e no centro com um dedal, recorta-se um pequeno circulo, essa pequena quantidade de massa era dada às crianças que moldavam figuras, galinhas, lacinhos, cobras, que eram fritas no final e é a guerra do este meu este é teu. Depois dos borrachos fritos eram polvilhados com açúcar e canela. A gila era presença obrigatória, retirada de frascos, feita atempadamente, era distribuída pelas travessas, cujos fios eram trabalhados com dois garfos, para ficar solta, tal como fios de ovos. Quem queria ia à missa, os outros ficavam petiscando, aguardando a Ceia.
À meia-noite em ponto, começava a Ceia, com bacalhau, couves batatas, cenouras, nabos, ovos, o chamado bacalhau com todos, regado com o melhor azeite. Finalizada a refeição, colocava-se uma toalha de Natal nova, com todos os doces, o bolo-rei, uma “feliz importação de França” que os portugueses tão bem acarinharam, frutos secos, todos os fritos e restantes iguarias, que se iam comendo ao longo da noite. A mesa fica posta de um dia para o outro para dar sorte. Quando os pequeninos ficavam com sono, iam por o sapatinho na chaminé, que já estava forrada de papel branco, toda enfeitada com muitos chocolatinhos, tais como sombrinhas, pais natais. Deste modo o Menino Jesus sabia que se tinha preparado a sua recepção. Logo que as crianças adormeciam, os adultos colocavam as prendas nos respectivos sapatinhos.
No dia de Natal é que se abriam os presentes, o almoço era o peru, que se embebedava para a carne ficar macia e cujo sabor guardo na memória, junto aos cheiros, dentro do coração, junto à saudade."

Em relação à poesia, Maria Melo trouxe-nos os “Vilancetes de Natal” de Ulisses Duarte e Ana Paula Nunes apresentou-nos o poema “Dia de Natal” de António Gedeão.
Relativamente ao fado, o desafio foi colocado à poetisa Rosa Angela, no sentido dela escrever dois fados propositadamente para esta Tertúlia, sem desprimor para os outros temas, foram muito apreciados e aplaudidos, os poemas são, como a seguir se indicamos:

Oração de Natal

Nossa Senhora trabalha
Com linha feita de luz
Está a fazer a toalha
Para a vinda de “Jesus”…

Com a graça de “Maria”
Com o seu divino louvor
Seus olhos com alegria
Já transpiram de amor

Há vozes sem fingimento
Dizendo orações com fé
Pois vai nascer ao relento
O filho de “Nazaré”

“Messias” abençoado
Nascido para o amor
Mesmo stando destapado
Não lhe faltou calor…
Menino nasceu pra rei
Pra nós grande criador
Semente livre sem lei
Quatro palavras, amor!


Poema Luz de Belém

Dois mil anos passaram que em Belém,
Na Judeia, narrada, em pergaminhos,
Na vida, que nos leva mais além,
Alguém sonhou mais luz, para os caminhos…

É o sonho mais lindo que o ser tem,
Dum homem, descalço pisou spinhos
O maior inventor, da luz do bem,
Que com serenidade, ouviu, escarninhos…

Os séculos, trouxeram-nos desafios,
Por nada esta corrente se detém,
Há guerras, caiem postos ardem fios,
Mas no mundo, inda brilha a tal luz,
E na central eterna de Belém,
Toma conta de nós, nosso Jesus…

E subimos a montanha sem tormento,
Onde cada segundo é mais lento,
Pedindo que renasças, outra vez!


Carlos Moura trouxe-nos uma rábula da viagem do pai natal da Lapónia até Odivelas, e cujo texto a seguir transcrevemos:

"Boa tarde, eu sou o Natal, sou filho da Natália e do Natálio, dentro de dias vou ter um mano que se vai chamar Natalino. Fui convidado para estar aqui presente, por um Grupo denominado de “Conversas com Princípio e Fim”, parecem que querem celebrar o meu dia, este ano em Odivelas. A minha mãe, a Natália, acedeu que eu pusesse as renas ao caminho, respondendo assim, afectuosamente ao Convite do tal Grupo. O referido grupo disse, também, que a minha presença era grátis, aqui a minha mãe disse-me logo, toma atenção que em Odivelas, nada é grátis. Por acaso ao chegar a Portugal encontrei em Santa Apolónia, um serviços grátis de transporte de renas, deixaram que as mesmas viajassem comigo, o pior foi quando cheguei à Estação do Metro do Senhor Roubado só encontrei “ciclovias” e então a via “renal para as minhas Renas? - Não existe, então meus Senhores!!!
-Ah! Isso não há, mas óh Sr. Pai Natal, disse-me um dos muitos Empresários em Nome Individual que proliferam na referida Estação, entre bananas, tomates e ananases, etc, etc, pode apanhar uma camioneta para o Odivelas Parque, chama-se "Odiflex" e deixar lá, estacionadas, gratuitamente, as suas renas.
- Boa ideia!!! Agora aquela coisa do Senhor Roubado faz-me espécie, então os Odivelenses deixam que andem a roubar o Senhor, francamente se a Dra. Máxima Vaz sabe, bem podem fugir a sete pés porque a Senhora, como boa Historiadora que é, não vai querer que alguém lhe estrague a História, coitado do Senhor, e já alguém participou o roubo à GNR ou a PSP?;
Depois de estacionar o meu trenó e deixar as minhas Renas no Odivelas Parque, fui conhecer a Cidade de Odivelas e tirar uma fotos, digitais, claro, assim que chegar à Lapónia vou colocá-las no Youtube.
Meu Deus, fiquei impressionado com tantos edifícios os quais comportam 160.000 Habitantes, tantas prendas! Mas assim terá que haver, da minha parte, um reforço para as poder entregar em tantos lares, com a actual crise de Euros, não sei como proceder. Só não vislumbrei foram os Equipamentos Sociais, Jardins com Espaços Verdes, Estabelecimentos de Apoio às referidas populações, Creches, Jardins de Infância e Espaços para os Seniores poderem, por exemplo, ter acesso ao ensino grátis da informática e da Internet. Falaram-me de um Jardim da Música que só estará, parcialmente, construído no Verão de 2009, será que todos os Odivelenses vão poder usufruir deste espaço de lazer? Em termos Gastronómicos já provei a vossa Marmelada de Odivelas que nos é apresentada aos quartos, se me permitem, pergunto para quando a constituição da Confraria da Marmelada de Odivelas? Estão à espera que um dia destes os Chineses a apresentem como um facto consumado? Vamos lá meus Senhores, pensem nisso. Nós, lá na Lapónia, sabemos tudo sobre Odivelas, vocês podem esconder o que quiserem que nós temos o Magalhães, O Magalhães é, como todos sabem o menino bonito do “Primeiro”, pois o Magalhães, não o original mas um mais aperfeiçoado pelos Chineses é vendido num Mercado de Rua, muito semelhante ao que vocês têm à Segunda-Feira na Feira do Silvado, e até tem incluído, gratuitamente, a Internet portátil, um verdadeiro grito da tecnologia moderna, desta vez o Bill dos Gates e o Barraca Abana foram fintados. Aproveitei o tempo livre e fui ver a Árvore de Natal da Zon, aquilo é que sim, é um espanto de espectáculo, levo comigo fotos e se calhar vou pedir à minha Autarquia da Lapónia, que para o ano faça algo muito semelhante. Já comprei algumas prendas para levar aos meus familiares, nomeadamente vinho do Porto de uma tal D. Antónia do Vinho, fico na dúvida se a Senhora se metia no Briol ou aquilo é uma marca. Realmente Portugal é muito grande, digo isto porque quando estava a chegar no comboio alguém comunicou: O Comboio nº. 1 proveniente da Lapónia, vai dar entrada na linha nº. 2 na Estação de Santa Apolónia, aqui fiquei deveras espantado então uma Santa tem uma Estação de Comboios, efectivamente Portugal é, uma Terra de Oportunidades, aliás como Odivelas.
E para finalizar quero endereçar um Convite, parece que as Tertúlias “Conversas com Princípio e Fim” em Agosto de 2009 estão a projectar uma Viagem Cultural à Polónia. Hungria e República Checa, se tal acontecer, por favor, não deixem de visitar a Lapónia e, deste modo, conhecer a minha família que vos deseja um Feliz Natal.
Nesta minha rábula não podiam faltar os Três Reis Magos o Baltazar, o Gaspar e o Belchior, assim que desembaracaram em Santa Apolónia, dirigiram-se, de imediato, em mota de água, para Belém, não para adorar o Menino Jesus, como antigamente, mas para oferecer livros trazidos da Lapónia para os seguintes destinatários:

Para o PR: SOS Tirem-me daqui;
Para o Primeiro: Como ajudar os Coitados da Banca;
Dra. MM Vaz: A Libertação do Sr.Roubado;

Logo à noite, eu e os três Reis Magos vamos encontrarmo-nos na Igreja Matriz de Odivelas para ensaiar a Missa do Galo, fico na dúvida se o Galo é o de Barcelos. Para a Lapónia já vou levar o novo Cartão de Cidadão, o qual graças ao novo “chispe” já comporta imensos serviços, nomeadamente, descontos no Modelo/Continente e no TGV, comboio de grande velocidade, no percurso Odivelas/Senhor Roubado, já é bastante bom, não acham?
Em termos de Pins e de Empreendorismo, vou convidar a Senhora Presidente da vossa Autarquia a deslocar-se, no próximo mês de Agosto, à Lapónia para inaugurar uma fábrica de marmelada de Odivelas, em quartos, será uma joint-venture entre as duas Autarquias e dado que a linha do TGV, Odivelas/Lapónia é inaugurada em Julho, a Senhora Presidente não perderá tempo pois a duração da viagem é de 3 horas, ou seja vai de manhã e a meio da tarde já estará em Odivelas. É assim o progresso, rápido e seguro, eu por exemplo, se vier cá para o ano de 2009, já não trago as minhas renas, viajo de TGV;
Ah!, e muito obrigado pelo vosso convite.
Bom Natal, espero que tenham gostado desta rábula natalícia.
Beijinhos doces para todos, ponto e vírgula, vamos lá separar: Beijinhos para as Senhoras /Abraços para os Senhores."

Contámos também com a presença do poeta Joaquim Sustelo na leitura de um dos seus bonitos poemas, que nos enterneceram.
Quanto à comunicação social, estiveram presentes o “Jornal de Odivelas”, o “Tribuna de Loures” e a Odivelas TV, esta última gravou em vídeo toda a Tertúlia. A todos, muito obrigado pela valiosa colaboração.
Referindo-nos ao habitual sorteio de para além das ofertas da organização, também a Dra. Máxima Vaz e Maria Melo trouxeram colecções de postais sobre máscaras portuguesas e da Cidade de Odivelas e livros de poesia.
A todos os que se envolveram neste trabalho natalício, a organização agradece com muita amizade.

Tertúlia "Envelhecer Hoje...Que Desafios?"

O envelhecimento activo foi o tema da Tertúlia “Conversas com Princípio e Fim”, ocorrida no passado dia 26 de Novembro de 2008, no Centro de Exposições de Odivelas, perante uma plateia de 58 Tertulianos, foi Palestrante convidada a Dra. Ana Filipa Dâmaso, coordenadora do Centro de Dia da Junta de Freguesia de Odivelas. É também investigadora na área da gerontologia desafiou os participantes a tornarem-se mais activos, incorporando no ciclo de vida a máxima dualista “estudar, trabalha”, combatendo o trinómio “estudar, trabalhar e descansar”.
"Fazemos isto toda a vida e é importante que construamos um projecto de vida pós reforma. Eu tenho 26 anos e já penso na minha reforma, em que posso fazer imensas coisas", disse Ana Filipa Dâmaso.
Promover e reforçar as solidariedades inter e intra geracionais, a educação tecnológica e digital, o voluntariado e a participação activa na sociedade foram alguns dos pontos de exposição. “Envelhecer como projecto não é ser, mas estar, e continua a ser uma arte que quero aprender toda a vida", disse.

Ana Filipa Dâmaso chamou ainda a atenção para a necessidade de criar políticas de envelhecimento que acompanhem a cada vez maior esperança de vida da população que aumenta, por isso, as situações de dependência. As pensões sociais, os Cuidados Continuados e Paliativos, os Serviços de Apoio Domiciliário foram algumas propostas apresentadas.
A tarde cultural terminou com uma poesia recitada por Ana Paula Nunes da autoria de Pablo Neruda, o qual devido ao seu interesse, é transcrito, seguidamente, na íntegra:

MORRE LENTAMENTE
Morre lentamente quem não viaja,
Quem não lê, quem não houve música,
Quem destrói o seu amor próprio,
Quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,
Repetindo todos os dias o mesmo trajecto,
Quem não mudas as marcas no supermercado,
Não arrisca vestir uma cor nova,
Não conversa com quem não conhece.

Morre lentamente quem evita uma paixão,
Quem prefere o “preto no branco” e os “pontos nos is”,
A um turbilhão de emoções indomáveis,
Justamente as resgatam brilho nos olhos,
Sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho,
Quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho,
Quem não permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias, queixando-se da má sorte,
Ou da chuva incessante, desistindo de um projecto antes de iniciá-lo,
Não perguntando sobre um assunto que desconhece,
E não respondendo quando lhe indagam o que sabe.

Evitemos a morte em doses suaves, recordando sempre que estar vivo,
Exige um esforço muito maior do que o simples acto de respirar.
Estejamos vivos, então!

Pablo Neruda (In Folha da Ala Sul)
17/11/2008


Tertúlia "Serviços de Apoio Domiciliário"

No Centro de Exposições de Odivelas, no dia 29 de Outubro de 2008, mais uma vez as Tertúlias “Conversas com Princípio e Fim”, organizaram e promoveram um encontro, o tema foi “Serviços de Apoio Domiciliário”, que, desta vez, teve a colaboração da Empresa Homeinstead, Lda, domiciliada em Odivelas/Ramada, especializada em apoio, domiciliário, a pessoas idosas e dependentes. Inicialmente a Palestrante convidada foi a Dra Andreia Silva, responsável pelo escritório em Odivelas, que, á ultima da hora, teve que assistir, clinicamente, uma sua cliente, sendo substituída na Tertúlia pelo Dr. Paulo Neto.
Foram-nos apresentados vários diapositivos os quais foram acompanhados por explicações do referido Palestrante, quanto à Homeinstead, Lda centraliza a sua prestação de serviços, nomeadamente, nas áreas a seguir indicadas:
1 – Nos serviços de apoio especializado, salienta-se:
. Levantar receitas médicas;
. Compras gerais;
. Acompanhamento a compromissos;
. Transportes ocasionais;
. Supervisionar o pagamento de contas;

2 – Nos serviços de acompanhamento, destacamos:
. Companhia e conversação;
. Apoio na recuperação de problemas de saúde;
. Assistência nocturna;
. Assistência matinal;
. Lembrança de medicação;
. Apoio a doentes de Alzheimer;
. Actividades de entretenimento;
. Leitura;
. Assistência à locomoção;

Todas as tarefas são executadas pelas Care-Givers, estas colaboradoras possuem referências cuidadosamente verificadas e formação adequada. A contratação da Empresa Homeinstead, Lda é sempre formalizada através da assinatura de um “Acordo de Serviços”, através do qual se encontram designados as “tarefas” a prestar e, diariamente, é elaborado um relatório das intervenções prestadas, documento que fica ao dispor dos familiares do cliente, que, deste modo, os mesmos podem seguir a par e passo o que a empresa está a fazer em prol do seu familiar.
A organização da Tertúlia aproveitou a ocasião para distribuir um livro denominado de “O desafio de vencer na doença de Alzheimer”, documento elaborado pela Associação Nacional de Farmácias e cedido, gentilmente, às Tertúlias pela Farmácia Joleni de Odivelas.
Estiveram presentes 60 Tertulianos os quais como, habitualmente, colocaram questões esclarecidas pelo Dr. Paulo Neto.
Aproveitámos a ocasião para festejar o aniversário da Patricia Benitez, uma das nossas tertúlianas habituais e amiga pessoal.
Houve ainda lugar para sortear livros, CD’s, DVD´s, oferecidos pela Organização.

Tertúlia "À Mesa com o Rei"

No dia 24 de Setembro de 2008, foram retomadas as Tertúlias, desta vez a convidada foi a Historiadora, Dra Maria Máxima Vaz, a qual nos trouxe, como tema, a alimentação e hábitos na Idade Média, por serem os que mais diferem dos nossos dias.
A Palestrante começou por nos informar que as refeições eram duas:
- Jantar pelos 10/11 horas;
- Ceia à noite.
"Admite-se que poderia haver uma refeição ligeira pela manhã, mas não se encontraram ainda referências. As fontes que temos são as indicações em relatos ou pragmáticas daquilo que se come ou deve comer e apenas a estas duas refeições: jantar e ceia. O Rei tomava as refeições em privado, na sua câmara. Todos os alimentos do Rei eram provados perante o mordomo, na cozinha. Este funcionário régio não podia perder os alimentos de vista até chegarem à mesa do rei e, na sua presença, o próprio mordomo provava a comida. Uma tábua rectangular, “o talhador”, tinha a função que hoje têm os pratos e era individual, assim como a faca. Já havia colher, mas o garfo era desconhecido.
Outra peça individual era a “napeira”, que me parece ser a antepassada dos guardanapos, mas de maior dimensão, a qual estava presa à toalha junto de cada comensal, para limpar as mãos. A faca não podia limpar-se à napeira, mas a uma fatia de pão. O mordomo servia o rei, colocando a comida no talhador. A refeição começava com fruta e vinho. O assado era o prato principal. Era de carnes tenras. Mas havia muitas outras formas de preparar a carne sem ser o assado. Predominavam o carneiro, as carnes de animais de montaria, com predominância do javali e também as aves de caça.Com o assado vinham os molhos. O molho verde era uma constante. O sabor mais apreciado era o agridoce. Fazia-se largo uso das ervas aromáticas. As especiarias já se usavam mas eram muito caras e só iam à mesa do rei ou dos nobres. O mesmo acontecia com o açúcar. Nos registos de compras de produtos alimentares, aparecem números referentes a arrobas de açúcar para a casa real mas não eram para confeccionar sobremesas. Os frutos, frescos ou secos é que se comiam em quantidade. Usavam gorduras animais: manteiga e toucinho. O azeite também era usado mas sobretudo nos pratos de peixe, tais como o salmão, lampreia, pescada, esturjão, solha e trutas. Comiam-se muitos legumes cozidos, colocados numa vasilha comum e tirados à mão para cima do talhador, procedendo de igual forma com as carnes e com os peixes. Compreende-se que era necessário ir lavando as mãos, pelo que os servidores vinham com um “gomil cheio de água e uma bacia”, junto dos comensais, que, depois de lavadas, limpavam as mãos à sua “napeira”. Havia várias qualidades de sopas, (caldos) mas não havia sobremesas doces na Idade Média. Talvez o uso do açúcar em muitos cozinhados, explique a não existência de sobremesas doces.
Em abono do que afirmo, vou transcrever uma das muitas receitas em que o açúcar está presente:
“Tomareis uma galinha e assá-la-eis e depois de bem assada cortá-la-eis em pedaços; e então tomareis ovos, gemas e claras, tudo muito bem batido. E um pedaço desta galinha de cada vez, muito bem envolto nestes ovos. Tereis uma sertã com manteiga ao fogo e frigi-la-eis nesta manteiga toda; e tomareis fatias de pão e far-lhe-eis outro tanto embrulhadas nos ovos e fritas. E tereis açúcar claro e passareis a galinha e as sopas por ele e poreis tudo numa vasilha com as sopas por baixo e canela pisada e açúcar por cima.”
Nesta receita o açúcar é só colocado no fim, mas há muitas receitas em que se coloca o açúcar com os outros temperos. Aqui deixo um exemplo:
“Tomarão a carne do carneiro ou do porco fresco e picá-la-ão e lavá-la-ão e deitam-na em uma panela e não há-de ter osso nenhum e deitar-lhe-ão uma pouca de água e deitar-lhe-ão no cozimento um pedaço de açúcar e um pedaço de manteiga e a água seja pouca. Depois de cozida deitar-lhe-ão um pequeno cravo e depois tirá-la-ão deste caldo tendo acolá uma dúzia de ovos com claras e gemas batidas, doces, e então tomareis esses ovos e tereis acolá uma sertã com uma pouca de manteiga sobre o borralho e depois da manteiga quente deitareis metade daqueles ovos e então por-lhe-eis a carne; depois em cima daquela ainda mal frita até vos parecer, virai-la e meteis a rapadoira para fazer buracos para irem os ovos que ainda não usastes e agora lhe deitais, tendo cuidado que nunca se pegue à sertã. Colocam-se depois sobre fatias passadas por açúcar e deita-se-lhe por cima canela e açúcar branco. Borrifam-se com água de flor.” Esta maneira de dizer pode parecer-nos estranha. Mesmo assim eu fiz uma adaptação para ser entendida, embora não alterando o sentido e procurando manter o mais possível a antiga forma. Com vista a tornar o tema mais real, foram lidas, à maneira que se escrevia na época, duas receitas, as quais passamos a descrever:


Receita de coelho em tigela (*)

Depois do coelho cozido com adubo e cheiros e toucinho fá-lo-ão em pedaços e o toucinho em talhadas e po-lo-ão em uma tigela de fogo nova. Então entre uma talhada e outra de coelho porão uma de toucinho e depois que for todo assim posto nesta tigela e o adubo deste coelho há-de ser cravo e açafrão, e o cravo seja mais que o açafrão e depois dele posto na tigela chegar-lhe-ão os cheiros por cima assim como para salada, salsa e coentro e hortelã e cebola. Então deitar-lhe-ão o caldo em que o coelho foi cozido por cima e po-lo-ão em umas brasas a cozer. E então quando ferver tomarão meia dúzia de ovos e batidos, clara e gema deitar-lhos por cima. Então tomareis um bacio de arame, emborcá-lo-eis em cima, com umas poucas de brasas no cu do bacio para que fiquem corados.

Receita da tigelada de perdiz (*)

Tomarão a perdiz e cozê-la-ão com uma posta de toucinho em talhadas e temperada com seus cheiros e sal e não há-de levar vinagre e depois dela cozida, cortá-la-ão como quando vai à mesa e terão acolá uma dúzia dovos batidos e tomarão um pão duro em fatias muito delgadas e tomarão um arrátel daçúcar e os ovos hão-de ser batidos com açúcar. O açúcar irá ao lume e as fatias para serem bem feitas hão-de ferver um pouco. Então tirar o tacho fora do fogo para baixar a fervura e torná-lo a pôr sobre o fogo e neste ponto deste açúcar há-de ir uma pouca dágua de flor e não hão-de fazer senão tirar e pôr no fogo. E depois de feitas que tiverem o ponto muito alto tirá-las e po-las num prato e a perdiz que está nos ovos doces. Hão-de tomar uma tigela de real nova e pôr tudo lá dentro juntando-lhe as fatias e o açúcar em ponto.


A nossa Convidada disse-nos para não se estranhar a forma como se diziam as coisas nem algumas palavras, que não era falta de educação. Era assim que se falava e muito pior, estas receitas (*) estão no livro de cozinha de uma princesa e foram recolhidas pela Dra Maria Máxima Vaz.
Para este evento a Organização convidou, também, a Dra Irene Gonçalves, a qual para além de Presidentes da Confraria Gastronómica da Amadora, é também, formadora e chefe de cozinha.

Em relação à Confraria que representa, a Dra. Irene Gonçalves informou-nos que a referida instituição foi fundada em 2004, junto à freguesia de São Brás, na Amadora. A referida Confraria tem uma cozinha de degustação e é uma das Confrarias mais activas do país. Quanto ao traje da Confraria, a Dra. Irene Gonçalves falou de pormenores como o chapéu igual ao do Fernando pessoa, como símbolo da ligação da gastronomia à literatura.
Para o final desta Tertúlia estava reservada uma surpresa. Um bolo com a figura de D. Dinis, confeccionado, a pedido da Organização, no Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar da Pontinha, e alguns licores produzidos e ofertados pela Escola Agrícola da Paiã.


No sorteio, habitual, foram oferecidos livros relacionados com o tema da Tertúlia, compotas e uma miniatura de uma panela de três pés, símbolo da Confraria Gastronómica da Amadora.

Tertúlia "O Voluntariado em Odivelas"

O último encontro, antes das férias de verão, realizou-se no dia 25 de Junho de 2008, foi Palestrante a Dra Eduarda Barros, professora e vereadora da Câmara Municipal de Odivelas, com o pelouro da Acção Social.
Em presença de uma plateia de cerca de cinquenta Tertulianos, a Dra Eduarda Barros começou a Tertúlia por nos transmitir a ideia de que os voluntários estiveram sempre presentes nas sociedades ao longo dos tempos e a sua acção revestiu várias expressões, predominantemente, de cariz caritativo, exercido de forma isolada e esporádica e ditada a maioria das vezes, por razões familiares, de amizade e boa vizinhança. Assim, a sua actuação era entendida como um modo de colmatar a insuficiência dos apoios familiares e institucionais.
Na sociedade actual reconhece-se que o voluntariado tem um espaço próprio de acção, cujo campo se situa numa linha de complementaridade do trabalho profissional e da esfera de actuação das instituições. Trabalho esse que as organizações internacionais e governos nacionais prestam cada vez mais atenção, conscientes que os voluntários constituem um dos mais valiosos recursos activos de um dado país, apontam-se alguns exemplos mais relevantes:

Nações Unidas
“Entende-se por Voluntariado acção empreendida de livre vontade, sem remuneração e em benefício de terceiros.
- Os voluntários constituem uma imensa reserva de competências, energias e saberes locais, podendo apoiar os governos na execução de políticas e programas públicos melhor orientados para as necessidades específicas, mais transparentes, eficientes e participados. (…)
39ª Sessão da Comissão de Desenvolvimento Social, 2001
(Relatório do Secretário-geral do Conselho Económico e Social)


Conselho da Europa
(…) O Voluntariados é um acto de aprendizagem, de partilha e de solidariedade, que permite aos jovens e aos menos jovens a aquisição de experiência de vida, de espírito cívico, de competências profissionais e de transmissão de conhecimentos.
Aumenta a empregabilidade dos voluntários desempregados e ajuda a manter as pessoas idosas activas. A actividade voluntária representa uma proporção importante do produto interno bruto em muitos países. Dá resposta à mudança social, às novas necessidades e ao sofrimento do homem”.
Recondação1496 (2001) Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa

União Europeia
“A União Europeia sublinha a importância de se considerar a actividade voluntária como uma componente valiosa do desenvolvimento social. O Voluntariado é uma expressão relevante da participação da sociedade civil. Em parceria com os governos e o sector privado, os actores voluntários constituem um reforço para o desenvolvimento social, a erradicação da pobreza, a integração social e o “empowerment” das pessoas vulneráveis”.
Declaração da Presidência Sueca, em nome dos Estados Membros da UE, 39ª Sessão da Comissão de Desenvolvimento Social das Nações Unidas, 2001
Portugal – Lei nº 71/98, de 03 de Novembro
“Voluntariado – “conjunto de acções de interesse social e comunitárias realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projectos, programas e outras formas de intervenção aos serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade desenvolvidas sem fins lucrativos por entidades públicas e privadas.” (Art.2.º)


Aproveitámos a ocasião para, também, convidar o Actor Manuel Coelho, Director da Malaposta que nos apresentou um poema da autoria do Badaró, denominado “Homem Zero”, que nos retrata um homem rico que os infortúnios da vida acabam por o atirar para o lixo, como tantos que existem na nossa Sociedade.
A actuação do Actor Manuel Coelho começou quando ele saiu de um Contentor do Lixo, gentilmente cedido à nossa Organização pelo SMAS de Loures. Esta surpresa deixou todos os presentes muito agradados, e fechou a nossa Tertúlia com "Chave de Ouro".
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O HOMEM ZERO
Olá, classe média
Os da "alta" estão definidos.
Os da "baixa", também.
E nós. ..?
E eu...? E tu?
O problema é: Quem sou eu? Quem és tu?
Não fui parido, cai.
Nascido da Distracção e da Pressa,
não sou um ser: sou a margem de erro "-
da Pílula.
Se segundo as estatísticas cada família
que desponta para o nada.
Tal como tu, Homem Zero!
Tal como tu que vieste do nada e vives no nada.
Se todos nasceram de Adão e Eva
eu, parece, nasci de Adão e Adão
Sou o Buraco Negro,
sou o risco que as companhias de seguros não cobrem.
No parágrafo que é a vida,
não, Homem Zero, somos a vírgula,
não o ponto.
Somos filhos da interrogação,
não da exclamação. ",
Aliás, bem vistos os sinais
a interrogação é uma exclamação grávida...
com um pontinho lá em baixo: Eu!
A que sociedade pertencemos?
Sociedade capitalista por morarmos na capital?
ou Sociedade comunista porque somos tipos comuns?
Sociedade anónima porque ninguém se assume?
Sociedade de recreio? Sociedade secreta?
Sociedade sem classes?
Lendo as colunas sociais
dos jornais
Eu vejo que a nossa sociedade
não tem o mínimo de classe.
Escuta, Homem Zero
eu também sou homem zero.
Quando pequeno eu atendia por Passssssst!
Em rapaz era o”Como é mesmo o nome dele
Hoje sem direito a Número do Contribuinte
Tanto mais tanto, tanto; noves fora nada!
nós somos o NADA!
somos o resto Homem zero.
O detrito da conta,
o que sobra do bom almoço.
Somos o cogumelo que sobra...
Aquele cogumelo da explosão atómica
Matematicamente certo
Cuja conta é fácil de fazer
Míssil mais míssil
Igual a NADA!

Tertúlia "Os Julgados de Paz em Odivelas"

Antes de desenvolver o tema “Julgado de Paz”, Fernando Ferreira fez um pequeno historial do seu percurso político, o qual começou no ano de 1978, bem como da implementação dos Julgados de Paz que surgiu ainda na época da Comissão Instaladora do Município de Odivelas.
Deste modo, quer o princípio da aplicação da Justiça, quer a grande procura deste meio para o efeito por parte de cidadãos, justificaram por parte o esforço empreendido no mandato do Município de Odivelas, no sentido de oferecer aos munícipes deste Concelho as virtudes inerentes ao serviço prestado por um Julgado de Paz.
Começámos por um processo de intenção de candidatura do Município de Odivelas aos Julgados de Paz, fundado em critérios de rigor e transparência, com o objectivo, claro, de haver uma tramitação processual eficaz, para os quais contribuiu, em primeiro lugar, o estudo e análise teóricos da legislação e documentação existentes, e em segundo, a dinâmica concreta de funcionamento dos Julgados de Paz já existentes.
Foi desta forma, o Convidado reuniu com o Conselho de Acompanhamento Criação Instalação e Funcionamento dos Julgados de Paz, organismo responsável pela Instalação e Acompanhamento dos Julgados de Paz no território Nacional, aí representado pelo seu Presidente - Sr. Juiz Conselheiro Cardona Ferreira, tendo, no seguimento desta reunião sido informado quais os trâmites a seguir pela Câmara Municipal de Odivelas para a instalação de um Julgado de Paz no seu território.
O passo seguinte, levou o Palestrante ao Julgado de Paz de Lisboa, com o propósito de conhecer as especificidades das instalações, bem como a própria tramitação processual e funcionamento do Julgado de Paz em concreto. Foi aqui que o Juiz Coordenador do Julgado de Paz na altura, Dr. João Chumbinho, e o Juíza de Paz Dra. Ascensão Arriaga, o informaram que inúmeros Munícipes de Odivelas recorriam ao Julgado de Paz de Lisboa que por imposição legal teria de se declarar territorialmente incompetente.
Após várias outras diligências, no dia 22 e Março de 2006 o processo de intenção foi levado à Reunião de Câmara, para deliberação, assente numa proposta fundamentada que mereceu o voto favorável de todo o executivo Municipal, com o objectivo de manifestar a inequívoca intenção da Câmara Municipal de Odivelas em se candidatar à Instalação de um Julgado de Paz no seu território.
Após a aprovação por unanimidade, oficiámos o Sr. Secretário de Estado da Justiça, o Conselho de Acompanhamento Criação Instalação e Funcionamento dos Julgados de Paz e a Direcção Geral da Administração Extra Judicial a fim de manifestar a nossa inequívoca intenção em instalar aquela estrutura de resolução de conflitos.
A par de todos os procedimentos legais, financeiros e logísticos que passaram a decorrer, considerei que era fundamental divulgar toda esta iniciativa, a qual assentava numa perspectiva de prestação de um serviço público de excelência, pelo que se realizou uma Conferência no nosso Município, promovida a partir do meu Gabinete, sob o tema “A importância dos Julgados de Paz como meio alternativo de resolução de conflitos”, que teve lugar em Junho de 2006, e que contou com as presenças, de entre outras, do Sr. Juiz Conselheiro Cardona Ferreira, e do Dr. João Chumbinho – Juiz Coordenador do Julgado de Paz de Lisboa.
Esta iniciativa assumiu como objectivo sensibilizar os Autarcas, a Sociedade Civil de Odivelas e o Público em geral para o conceito e para o funcionamento desta instância extrajudicial de resolução de conflitos, que se reveste da maior importância para os cidadãos em geral e para os Munícipes de Odivelas em particular, facto que muito agradou ao nosso Convidado.
Foi um processo, conduzido para bem dos cidadãos de Odivelas os quais nas suas vidas quotidianas, têm à disposição mais um meio que lhes proporcione algo de tão precioso, como o é a distribuição equitativa da Justiça, que num Estado de Direito Democrático como o nosso pode e deve, também, exercer-se em estruturas organicamente menos “pesadas”, mais próximas das reais necessidades dos cidadãos, que tanto dela dependem.
Quanto ao funcionamento dos “Julgados de Paz”, Fernando Ferreira disse-nos a importância desta estrutura do poder Judicial, um Julgado de Paz é um meio de resolução de conflitos que, de forma célere, barata e eficaz, permite, no âmbito judicial, a tão necessária atenção a cada caso concreto, diria mesmo pessoal, a fim de ser possível ao Juiz mediar conflitos jurídicos entre cidadãos, promovendo a necessária amplitude jurídica.
Em termos mais técnicos e precisos, as competências dos Julgados de Paz podem sintetizar-se dizendo que ali se apreciam e se decidem as chamadas “acções declarativas cíveis”, cujo valor não pode ser superior a 5.000€, e que dizem respeito a áreas de intervenção de natureza muito variada. Por exemplo, nos “Julgados de Paz” podem ser tratados casos de incumprimento de contratos e obrigações, de responsabilidade civil (contratual e extracontratual) ou os relativos ao direito sobre móveis ou imóveis — propriedade, condomínio, escoamento natural de águas, comunhão de valas, abertura de janelas, portas e varandas, plantação de árvores e arbustos e paredes e muros divisórios.
Mas as competências não se esgotam aqui. Um Julgado de Paz pode, também, resolver casos de arrendamento urbano (com excepção do despejo), de acidentes de viação, bem como de pedidos de indemnização cível, exceptuando os casos em que tenha sido apresentada participação criminal. Sobre esta última competência saliento, ainda, o facto de que caso haja desistência da participação criminal, o Julgado de Paz pode auxiliar o Cidadão com casos de ofensas corporais simples, de difamação, de injúrias ou de furto e dano simples.


Destas competências — elencadas no diploma que regula estas matérias que é a Lei nº 78/2001 de 13 de Julho —, retiramos facilmente a ideia da importância que um Julgado de Paz representa na vida de um Cidadão. E munícipes de Odivelas não fogem a esta regra. Foi este o objectivo, demostrar durante a Tertúlia, a possibilidade que os cidadãos de Odivelas têm de recorrer a este serviço, bem como à sua localização.
Estiveram presentes cerca de 60 tertulianos, que manisfestaram o maior agrado pelo conhecimento adequirido.