terça-feira, 6 de abril de 2010

Tertúlia "Os Mistérios da Vida"

No dia 31 de Março às 17,00 horas na presença de 104 tertulianos, Carlos Moura deu início à 22ª. Tertúlia, agradecendo a todos a presença neste evento.


A tertúlia realizou-se, pela primeira vez, nas instalações da Sociedade Musical Odivelense a qual no dia 29 de Junho irá comemorar 147 anos de existência.

Pertenceu à Dra Fernanda Moroso, Presidente da referida instituição, proceder à sua apresentação, informando-nos, também, das actividades desenvolvidas nomeadamente pela Banda, Escola de Música, Dança, Grupo Coral “Maria Mendes”, e Teatro Infantil.
Seguiu-se a assinatura do Protocolo de Cedência das Instalações da SMO à organização das tertúlias, foram outorgantes Carlos Moura, Dra Fernanda Moroso e D. Isabel Moura Pinto, momento assinalado com uma salva de palmas por parte da assistência.




Após este momento protocolar, Carlos Moura disse que tinha sido muito fácil conversar com as duas anfitriãs porque já conheciam muito bem os propósitos das Tertúlias “Conversas com Princípio e Fim”, e também porque a SMO, sabe ser solidária e sobretudo exerce, como a organização das tertúlias, o voluntariado cultural, Carlos Moura finalizou esta parte do seu discurso sugerindo a todos os Odivelenses que se candidatem a sócios, os custos anuais são de apenas 12,00 €uros.
Seguiram-se os habituais agradecimentos ás seguintes entidades:
CMO pelos vários apoios recebidos;
Jornal de Odivelas;
Jornal Triângulo;
O Meu Jornal;
O mês de Março foi pródigo em comemorações senão vejamos:
Dia Internacional da Mulher
Dia 8;
Dia Mundial do Teatro
Dia 15
Dia Mundial da Poesia
Dia 21
A Malaposta assinalou o dia da Poesia homenageando o Poeta D. Dinis. Os convidados foram recebidos por um simpático rei, de brinco, e "As Conversas com Príncípio e Fim" registaram o momento.

Foi sugerido que os tertulianos visitem, na Malaposta, a Exposição denominada:
“D. Dinis – entre a história e a lenda”, um trabalho muito bem apresentado pela Jornalista Margarida Martins; Para finalizar uma referência sobre a tertúlia do mês de Abril, dia 28, vamos ter connosco a Dra Ana de Sousa, mestre em Gerontodesign que nos irá apresentar uma Palestra com o título “A Bem da Comodidade”, onde nos irá falar sobre o cuidado que devemos ter com o nosso conforto e bem-estar.
A tertuliana Teresa Quaresma informou-nos que estão abertas inscrições para cursos de ensino nocturno.
As viagens de carácter cultural a Tomar, Suíça e Áustria estão na fase final de inscrições e nos dias 19 e 20 de Junho as tertúlias irão ao Fundão para se envolverem num programa denominado de “Apanha da Cereja”, haverão, também visitas às cidades de Belmonte, Sortelha e Aldeia histórica de Castelo Novo.









Relativamente à tertúlia “A Vida e os seus Mistérios”, tivemos a presença do Dr. Amílcar das Neves. Nascido a 26 de Setembro de 1941, licenciou-se em História pela Faculdade de Letras de Lisboa.

A palestra que proferiu subordinada ao tema : “A Vida e os seus Mistérios” foi uma reflexão sobre a sua vida e obra. Professor, escritor, (membro da Associação Portuguesa de Escritores), pensador social, trouxe-nos a revelação de algumas circunstâncias da sua vida, pouco conhecidas da maior parte de nós.
Filho de uma família da classe média, foi confrontado aos 17 anos com uma grave doença do foro oftalmológico. Aos 18 anos, depois de muita luta, perdeu a visão. Muitos esforços médicos ao longo de três anos serviram apenas para confirmar o irremediável.
Jovem de temperamento melancólico e introvertido, viu-se repentinamente confrontado com a realidade da sua nova vida. Estava então no ano de 1959, tempo em que, ser cego representava uma condenação à dependência dos outros. Porém, aos 21 anos de idade, ingressou na Fundação Sain, instituição que ainda hoje existe, e se dedica à reabilitação de deficientes visuais. Depois de três meses de internato nesta Instituição, saiu para a vida mais confiante agora. D. António Palha (a conhecida família de Vila Franca de Xira, ligada aos touros e aos cavalos) dedicava ao jovem Amílcar grande estima e amizade e ofereceu-lhe um lugar de telefonista numa das suas empresas, o melhor que se conseguia naquele tempo para um deficiente visual. Porém, a preparação obtida na Fundação Sain permitiu-lhe ocupar o lugar de dactilógrafo, e cinco anos depois, abandonava essa empresa onde, entretanto, desempenhava o cargo de chefe de Relações Públicas.
Aos vinte e cinco anos fundou, em Castanheira do Ribatejo, um infantário que não mais parou de crescer, acolhendo hoje mais de 400 crianças.
O passo seguinte da sua vida profissional foram os escritórios da Companhia Portuguesa dos Petróleos BP. Inconformado, na companhia da esposa, Maria Emília Neves, frequentou o Curso de História da Faculdade de Letras de Lisboa. Terminado o Curso, ingressou no ensino, tendo sido professor no Liceu Nacional de Gil Vivente em Lisboa, onde residia, e mais tarde, na Escola Secundária Dr. António Carvalho Figueiredo em Loures, onde, actualmente, reside.
Ao atribuir o título “A Vida e os seus Mistérios” à sua palestra, Amílcar das Neves chamou a atenção para o facto da sua vida se ter modificado profundamente a partir do momento em que perdeu a visão. Melancólico e introvertido antes, tornara-se num jovem adulto alegre e extrovertido. “Ainda não compreendo o que me aconteceu, e esse é um dos mistérios da minha vida”, disse.
A partir dos doze anos de idade começou a escrever poesia, mas quando a sua carreira de professor terminou, dedicou-se ao romance. Escreveu até agora: A Ilha do Paraíso, Terras do Inferno, As Duas Faces de J, Caminhos e Encruzilhadas, O Insustentável Pesadelo de Existir, Sob o Olhar de Deus, A Inconsistência dos Sonhos, A Louca do Monte da Lua, o Voo dos Gaviões, e está a escrever, neste momento, um romance de base histórica, intitulado: A Estória de António Malasar. Os três primeiros títulos já se encontram publicados, e O Voo dos Gaviões, está no prelo.
O nosso convidado fez também algumas considerações relativas ao desenvolvimento intelectual do Homem, da assunção da consciência do “Eu” e dos “Outros”.
Escritor do realismo humanista, os seus romances reflectem as inquietações humanas, os seus sonhos, os seus projectos, as suas alegrias, as tristezas, tudo o que faz da vida um mistério permanente. Ler os seus romances é participar da vida das personagens, percorrer os lugares, viver ao compasso das emoções e dos sentimentos que muitas vezes se confundem com os nossos.
Disse ainda o nosso convidado que, a escrita não é mais que o prolongamento da sua vida de professor, porque a voz antes utilizada, se transformou agora em palavra escrita, mantendo contudo, o objectivo de comunicar.
No final da sua palestra, disponibilizou algumas das suas obras para que, a assistência que encheu a sala da Sociedade Musical Odivelense, pudesse partilhar da sua experiência literária.
O seu gosto pela comunicação interpessoal, levou-o a pedir-nos que divulgássemos os seus contactos. Através deles poderão pedir esclarecimentos, desfazer dúvidas e talvez, falar dos seus livros.
Amílcar das Neves
Contactos: cumplicidades2@gmail.com Telf. 21 982 48 78.
Informamos que o Dr. Amílcar das Neves foi colega de curso da Dra Maria Máxima Vaz, Historiadora.
No final, Carlos Moura corroborou na informação de que ler os livros do Dr. Amílcar das Neves é um grande prazer porque se trata de uma escrita muito descritiva, fazendo constantemente referências ao mundo rural.
Seguiu-se a rubrica “Hoje, sou eu o Poeta”, a qual desta vez teve a colaboração da Emília das Neves, Joaquim Sustelo, António Silva, Guida Ferreira, Aline Rocha, Margarida Moura, Irene Bayam, Manuela Amorim, Sérgio Silva e Carlos Moura.














Os poemas originais, declamados nas tertúlias, vão ser publicados, em tempo oportuno, pelo Jornal Triângulo que deste modo oferece uma boa colaboração, o nosso muito obrigado.
Todos os meses haverá a homenagem a um poeta, desta vez a referência foi para António Aleixo, considerado um dos poetas populares algarvios de maior relevo.


A Tertúlia terminou com o habitual sorteio de livros e cd´s, oferecidos, para o efeito, pelo Dr. Amílcar das Neves, Jornal Triângulo, Lídia Dias, Carlos Moura, a todos agradecemos em especial a simpática oferta da Livraria Bulhosa, na pessoa da D. Mafalda Gueifão.