terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Tertúlia "Saúde Sénior"

A supracitada Tertúlia realizou-se no passado dia 30 de Abril de 2008, desta vez o nosso Convidado foi o Senhor Vereador José Esteves, com o pelouro da Saúde da Câmara Municipal de Odivelas, o qual nos informou que a sua palestra era uma reflexão pessoal sobre o tema, baseado nas experiências da sua vida pessoal, profissional e política, não estando assim influenciada por qualquer pesquisa bibliográfica, ou de qualquer outra natureza, efectuada à ultima hora a propósito desta sessão.


"Até porque, julgo, foi exactamente para ouvir a minha opinião e as minhas reflexões que os organizadores desta tertúlia me convidaram para aqui vir hoje. E começo exactamente por aí. Pelos organizadores desta tertúlia, na pessoa do meu amigo Carlos Moura, para agradecer o Convite que me dirigiu para aqui estar, mas sobretudo por ter ousado criar mais este espaço de reflexão e debate sobre temas da actualidade, que nos preocupam (ou pelos menos deviam preocupar…) a todos, um hábito saudável que deve ser cultivado, e que, felizmente em Odivelas, se vai disseminando em diversas áreas e temáticas.
Indo ao tema, é bom começar por se dizer que o envelhecimento é um processo natural, e assim deverá ser encarado.
É que, sendo esta uma verdade óbvia, às vezes não é assim que parece!
Porque, muitas vezes, quando ouvimos falar de envelhecimento, a abordagem dominante resvala para o “peso cada vez maior” que este assume na nossa sociedade, nomeadamente:
- O peso na família;
- O peso na segurança social;
- O peso na saúde;
- O peso … em todos os quadrantes da sociedade.
Mas onde está a verdade de que a experiência também conta e é importante para o desenvolvimento da vida humana?
Os filhos, hoje em dia, na maior parte das situações (e felizmente, digo eu…), ultrapassam os pais em questões económicas, sociais, conhecimento, etc. Mas será que se relacionam melhor? Será que vivem mais felizes? Será que têm mais qualidade de vida?
Em termos de qualidade de vida material, provavelmente sim. Quanto às restantes questões, sinceramente, não sei… Sei que uma Mãe e um Pai fazem falta em qualquer idade, sei a enorme influência que os meus avós tiveram na formação da minha personalidade na minha infância e na minha juventude (através da sua experiência e da sua enorme sabedoria que só os anos de vivência da vida em concreto podem proporcionar).
Voltando ao tema, é verdade que cada vez morremos mais tarde, estima-se que a esperança de vida à nascença para um português seja actualmente de 82 anos. E isso é muito bom se pudermos viver com qualidade de vida, ou seja, com bem-estar, com saúde, quer física, quer psíquica, mas também com amor e com os cuidados adequados caso deles necessitemos.
No que se refere ao bem-estar, este também depende do que fizemos ou fomos em novos, dos estilos de vida que adoptámos, por opção ou por falta dela, no fundo da vida que vivemos e construímos. Claro que isso está intimamente ligado a outras variáveis, como as habilitações académicas e/ou emprego que tivemos e consequente reforma (refiro-me às pensões que, na maioria, são baixas).
A saúde, contrariamente ao comummente aceite, se é verdade que é influenciada por múltiplos factores que nós não dominamos, também é verdade que ela é sobretudo uma responsabilidade individual. Ou seja, cada um de nós é em larga medida responsável pela sua própria saúde. Tudo o que fazemos, o nosso estilo de vida, tem consequências na forma como os anos vão passando por nós.
Por isso, a informação na área da Saúde é fundamental! Quanto mais bem informados estivermos melhor. Porque só na posse da informação correcta podemos alterar os nossos comportamentos para estilos de vida mais saudáveis, e só na posse dessa informação podemos verdadeiramente fazer escolhas, tomar opções!
A Educação para a Saúde é, assim, vital, e deve (deveria, deverá…) constituir uma forte aposta dos poderes públicos em matéria de Saúde, em todas as fases da nossa vida, desde a infância até à agora chamada fase sénior da vida, passando pela adolescência e pelas diversas fases da nossa vida adulta.
A aposta na Saúde da população terá sempre que ter prioridade sobre a intervenção na doença.
Também a aposta nos diversos níveis de prevenção, nos rastreios e na detecção precoce de doenças, começando por aquelas que apresentam maiores índices de mortalidade e morbilidade, terá de ser cada vez maior e envolver cada vez mais recursos relativos ao nível da definição das políticas de saúde.
Porque, como muito bem diz o Povo “mais vale prevenir do que remediar”. E eu acrescento: “Prevenir é e será sempre mais barato e mais eficaz do que tratar”.
E aqui torna-se também fundamental uma aposta cada vez maior ao nível dos Cuidados de Saúde Primários!
E é exactamente com esta percepção, que a Câmara Municipal de Odivelas (CMO), na sua intervenção em Saúde, tem definido estas áreas como domínios estratégicos de intervenção.
E, como exemplos dessa intervenção, podemos referir o Programa Municipal de Prevenção das Doenças Oncológicas (PMPDO), inovador a nível nacional em termos de intervenção municipal estruturada neste domínio; o Programa Municipal de Prevenção do Tabagismo “Odivelas Sem Tabaco” e os rastreios da Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC); o Programa de Avaliação e Aconselhamento Nutricional (PAAN), que corresponde ao nosso Programa Municipal de Prevenção da Obesidade Infantil, também pioneiro a nível nacional, que visa prevenir aquela que é considerada pelos especialistas a pandemia do séc. XXI; e as diversas acções de prevenção e rastreio ao nível das doenças cardio e cérebro-vasculares.
No que respeita à intervenção ao nível daquilo a que se pode chamar a “Saúde Sénior”, a CMO vem, de há uns anos a esta parte, desenvolvendo o Programa “Saber Viver para Melhor Envelhecer” cujo cerne é a descentralização de informação junto da população sénior do Concelho de Odivelas, em matérias de saúde como sejam: as doenças cardiovasculares, as doenças oncológicas, a saúde mental, a alimentação, a sexualidade e as doenças sexualmente transmissíveis, o exercício físico (nas suas mais variadas modalidades), a osteoporose, entre outras, quer numa perspectiva preventiva, quer eventualmente na ajuda a quem já padece de patologias nestes domínios a melhor conviver com as mesmas.
E, porque ao envelhecermos já sabemos que a aprender também nos divertimos, o projecto “Artes da Saúde” tem o seu apogeu com o espectáculo no Centro Cultural da Malaposta onde, de uma forma leve e divertida, mas séria, é apresentada ao público a forma como os temas de saúde tratados foram apreendidos e interiorizados pelos participantes seniores deste projecto.
Claro que muito mais é ainda preciso fazer e aqui não pode haver substituições nem omissões. Os cuidados de saúde primários têm de ter, cada vez mais, resposta para os seniores, seja através da existência de médicos de família para todos e com disponibilidade para cuidar dos mais velhos, seja ao nível dos cuidados continuados integrados, que devem manter o enquadramento que tinham no Concelho de Odivelas, de apoio bio-psico-social a pessoas com dependência, 24 horas por dia, 7 dias na semana, 365 (ou 366) dias por ano.
E é preciso encontrar essas respostas, com a assumpção por todos os intervenientes neste domínio das responsabilidades que lhe cabem.
Neste momento, e nesta matéria no Concelho de Odivelas, estamos a falar de uma luta desigual entre a oferta e a procura. Que tem de ser equilibrada ao nível da oferta pública, independentemente daquilo que possa vir a ser a intervenção dos privados na prestação destes cuidados. O Palestrante acredita que o Projecto da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados são uma das respostas fundamentais para o progressivo envelhecimento da população que estamos a viver, mas a que deve corresponder a manutenção dos melhores parâmetros possíveis ao nível da qualidade de vida; porque continuo a acreditar nas potencialidades e nas virtualidades do Serviço Nacional de Saúde; defende que, compete ao Estado (aos seus mais diversos níveis) o papel inalienável de garantir o direito constitucional de acesso de todos os cidadãos aos cuidados de saúde, independentemente da sua condição económica, social, racial, religiosa, ou qualquer outra.
Mas, já agora, e para terminar, disse o nossso Convidado quero deixar claro que, também, defendo, solidariamente, cada cidadão deve pagar o acesso aos cuidados de saúde públicos de acordo com os seus rendimentos, pagando mais aqueles que mais podem, não pagando aqueles que não podem pagar, mas a todos garantindo o acesso aos cuidados de saúde em condições de igualdade de tratamento."

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