quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Tertúlia "A História da Malaposta"

No passado dia 28 de Outubro no Centro de Exposições de Odivelas, teve lugar a 17ª. Tertúlia, estiveram presentes 70 Tertulianos, como é costume Carlos Moura procedeu à abertura do evento deixando os habituais agradecimentos à CM de Odivelas pela colaboração prestada e ao Jornal de Odivelas e ao Jornal Triângulo, os quais na altura apropriada fizeram referência a este
evento, quanto à Tertúlia de Natal a mesma vai ter lugar no dia 16/12 ás 17,00 horas, desta vez no Auditório do CEO, o programa está a ser preparado.
Em relação á Universidade Sénior já recomeçou, este ano há disciplinas novas muito interessantes, destacamos, temas de História Contemporânea, História da Arte e História das Religiões.

Em termos de Tertúlia propriamente dita, o objectivo principal desta era, para além do são convívio entre Odivelenses que as mesmas,mensalmente, proporcionam, ouvir a Dra Maria Máxima Vaz falar-nos sobre “A História da Malaposta”, esclarecendo-nos e informando-nos de alguns factos e ideias que, erradamente, são propaladas.

A Convidada/Palestrante, começou a sua apresentação informando-nos que a certidão de idade do edifício da Malaposta que, hoje conhecemos, com o nome de “Centro Cultural da Malaposta” é a acta da sessão de 11 de Dezembro de 1873 da reunião da Câmara Municipal dos Olivais, que a dado passo, diz o seguinte:
“Nesta reunião apresentou-se João Alfredo Azevedo como procurador do Excelentíssimo António Maria de Brito Pereira Pinto Guedes Pacheco, competentemente autorizado para tratar com a Câmara, sobre o preço de expropriação de 2.600 metros de terreno da Quinta do Senhor Roubado, ou Painel das Almas, que são precisos, para a construção de um matadouro municipal: e por isso concordou na cadência dos ditos 2.600 metros pela quantia de 250$000 (duzentos e cinquenta mil réis)”.
O terreno situado no lugar do Olival de Basto, ficou nesse dia propriedade da Câmara e Concelho dos Olivais, concelho a que pertencemos antes de ser criado o concelho de Loures, em 1886, mas Odivelas pertenceu a Belém.
No dia 27 de Dezembro desse ano de 1873, a Governo Civil de Lisboa passou o alvará de construção, definindo as normas a que deveria obedecer e que materiais seriam utilizados. Impôs procedimentos para defesa do ambiente, que são de salientar, considerando a época, na década de sessenta deixou de ser utilizado.

Em 1988 fundou-se uma associação intermunicipal – a Amascultura, que veio a utilizar este edifício para as suas actividades, depois de obras de adaptação e restauro, levadas a cabo pelo Município de Loures..
“A ideia de que a Malaposta teria servido de estação de correio não tem suporte em lado algum, disse-nos a Dra Maria Máxima Vaz, que investigou esta ideia por todo o lado, inclusivé a historiadora disse que “o transporte do correio era feito de barco pelo Rio Tejo até ao Carregado e dali é que partia a diligência

ou mala-posta que levava o correio e os passageiros até Coimbra.
Em 1856 foi inaugurado o caminho-de-ferro e a viagem passou a fazer-se de combóio até ao Carregado este substitui, assim, o barco.
Não é, portanto, provável que na Malaposta do Olival de Basto, tenha existido muda de cavalos, uma vez que o percurso da mala-posta não era feito por aqui”.
Entretanto em 1987 os Presidentes das Câmaras Municipais da Amadora Loures, Sobral de Monte Agraço e Vila Franca de Xira decidem criar um organismo intermunicipal que seria um Centro Dramático que abrangia as áreas do teatro, artes plásticas, o cinema, a dança, a literatura, a poesia e a música.
Em 1988 as mesmas Câmaras criarão a Amascultura e em Maio do mesmo ano criou-se o Centro Dramático Intermunicipal Almeida Garrett.


Procuraram o espaço e a opção acabou por recair num velho edifício do matadouro, localizado no Olival de Basto, desactivado há anos, era propriedade da Câmara de Loures que o disponibilizou, como estava degradado foram precisas obras de restauro e adaptação a “uma casa de artes”, tomada a decisão os trabalhos começaram e os seus custos ficaram na moeda antiga pelo valor de 360.000 contos, deste modo nasce a Malaposta.


Em Outubro de 1989 o edificio foi inaugurado com a apresentação da peça “O Render dos Heróis”

de José Cardoso Pires e até hoje as suas portas nunca mais se fecharam, é um espaço muito agradável, pelas paredes do seu foyer têm estado boas exposições de quadros e bonitas esculturas, esta é a maior razão para que o edifício da Malaposta seja considerado Património Cultural, na parte final da Tertúlia e porque a Calçada de Carriche está intrinsecamente ligada á Malaposta, houve tempo para se falar deste lugar, a qual por ser umas das entradas na cidade proporcionava o trânsito dos mais diversos meios de transporte, desde o burro ancestral, passando pela carroça, e pela galera.
Uma referência, também, o Larmanjat que era um combóio a vapor, diferente dos combóios que todos nós conhecemos, porque era monocarril, foi uma invenção de um engenheiro francês chamado Larmanjat, nascido em 1826.
No percurso do referido Larmanjat, Lisboa/Torres Vedras , a Estação de Calçada de Carriche (Nova Sintra) era a quarta paragem/estação, muito concorrida de famílias de Lisboa (principalmente no verão) daí que tenha tido o nome de “Nova Sintra”.
Perto da referida estação funcionava uma estalagem muito frequentada por “vales”, poetas e artistas amantes da vida nocturna de Lisboa, para além disso na Calçada de Carriche faziam-se esperas de touros que se destinavam ás corridas que, na altura, se realizavam no Campo de Santana, todos numa alegre promiscuidade, encontravam-se equipagens de todas as espécies, desde a caleche brasonada até à tranquitana do Sereno, alugada entre três ou quatro individuos, de barrete verde e cinta vermelha.
Na descrição que a Dra Máxima Vaz faz no seu livro “Memórias do Olival Basto”, a certa altura escreve “entre cobrejões com cavalos guizalhando há também lugar para a Conceição Capelista a qual espalhava frases ternas na companhia do seu Ramos, para Amélia Bexigosa, para o José da Pinguinha especialista em impiteiradas no Penin e no João do Grão”.
Para falar sobre um livro escrito por alunos de várias escolas do Olival Basto, Carlos Moura convidou a Dra. Teresa Henriques vogal da Cultura da Junta de Freguesia do Olival Basto para nos falar sobre o conteúdo do referido livro, do qual só devem existir um ou dois exemplares, a Dra Teresa Henriques “disse-nos que, apesar do livro ter sido escrito por crianças, está muito bem elaborado e acompanhado de imensas fotos, pode-se considerar um óptimo trabalho elaborado sob supervisão da Dra. Margarida”, esteve, também, presente o Dr. Amílcar das Neves, historiador e amigo da Dra Máxima Vaz, o qual acompanhou com todo o interesse o desenrolar da Tertúlia e para nos contar algumas “histórias de vida”, o mesmo será Convidado na Tertúlia de Março 2010, pelo modo fácil e cativante como se apresenta, pensamos que este encontro será muito concorrido.
De um modo geral todos estavam satisfeitos com as informações fornecidas mas os Tertulianos incluindo a Dra Maria Máxima Vaz, ficando a sensação que o assunto “história de odivelas” não está esgotado, a convidada pelo menos acrescentou “que um dias destes vai quer estar noutra Tertúlia”,a organização agradeceu mas por força da calendarização das Tertúlias isso só poderá acontecer depois de Maio ou Junho de 2010, isto porque os temas e os meses até lá, felizmente, já se encontram reservados.
É de referir que o texto deste blogue, está consubstanciada em artigos publicados no livro da Dra Maria Máxima Vaz, denominado de “Memórias de Olival de Basto”, edição de Junho de 2009 e teve, para o efeito, a devida autorização da autora.
Após a Dra Máxima ter terminado a sua Palestra, houve lugar ao habitual debate entre a assistência e a Convidada que voltou a frisar que o edifício da Malaposta nunca foi utilizado como mala-posta ou seja não houve lugar à mudança de cavalos e o tráfego de correio e passageiros nunca passou pela Malaposta, foram inclusive lidos passagens do referido livro que atestam o atrás mencionado.

Para finalizar a organização tinha preparado uma apresentação, por antecipação, do São Martinho (11/11) e o “Pão-por-Deus” (01/11) a qual se baseou na descrição da lenda

do “Verão de São Martinho” na declamação de quadras, provérbios populares e quatro adivinhas, tudo relacionado com o São Martinho, neste projecto estiveram envolvidos vários Tertulianos, amigos de Carlos Moura.
“Segundo a organização, esta Tertúlia foi, talvez, a mais participativa porque sentiu-se que toda a gente estava como que envolvida num espírito cultural por um lado, e por outro através do textos apresentados, houve como que o lembrar “tradições” que todos nós devemos fazer os possíveis para que não caiam no esquecimento”, e por isso a organização acha que a Tertúlia se poderia intitular “Malaposta, S. Martinho e Pão-por-Deus”.

O proximo encontro terá lugar no 25/11, ás 17,00 Horas no CEO, será Convidado/Palestrantre o Prof. Dr. Luís Picado, que irá falar sobre o tema “Bem-Estar Emocional”, serão, também, facultadas informações sobre construção de emoções positivas e exercícios de felicidade aplicada.

O habitual sorteio de lembranças foi muito sui-generis, com sacolas do pão-por-deus, contendo marmelos, romãs, nozes, castanhas, e chocolates, receitas de marmelada, sopas de castanha, arroz de castanha com passas, etc, etc,





Houve, também, livros e postais oferta da JF do Olival de Basto


e convites para espectáculos da Malaposta.

2 comentários:

Helena Teixeira disse...

Boas Tardes!
Ora aí está uma rica tertúlia.Falaram no S.Martinho e magusto.Teria dado um bom texto para a blogagem de Novembro da Aldeia.No entanto,ainda vão a tempo de espreitar o blog ou de participar na Blogagem de Dezembro.
Deixo o convite: participe na Blogagem de Dezembro do blogue www.aldeiadaminhavida.blogspot.com
Basta enviar um texto máximo 25 linhas e 1 foto para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 de Dezembro. Participe. Haverá prémios e boa convivência!

Um Abraço
Lena

Helena Teixeira disse...

Esqueci-me de referir que o tema da blogagem de Dezembro é O Natal na minha Terra.

Jocas
Lena